
Futuro da educação após a pandemia é tema do…
Os efeitos da pandemia na educação foram debatidos na tarde desta segunda-feira na 15ª edição do Fórum de Combate ao Colapso Social e Econômico, conduzido pelo presidente da Assembleia Legislativa, Ernani Polo. Na reunião virtual, que contou com a presença do secretário estadual da Educação, Faisal Karam, instituições de ensino privado defenderam a retomada gradual das atividades com protocolos de segurança para evitar a disseminação do coronavírus.
Em sua fala, Polo destacou a necessidade de debater e buscar caminhos para a educação de forma equilibrada, já que a sociedade vive um momento de exceção. O parlamentar defendeu a retomada das atividades com protocolos e cuidados como o uso de máscaras, o distanciamento social e a frequente higienização de superfícies. Segundo ele, com a suspensão das atividades das escolas infantis regulares, crianças podem estar em risco maior de contaminação por coronavírus em locais improvisados onde precisam ficar enquanto os pais trabalham.
O parlamentar ainda relembrou que a Assembleia Legislativa aportou R$ 5,4 milhões de seu orçamento para a ampliação da capacidade de internet para 900 mil alunos e professores da rede estadual de ensino. O objetivo é permitir que a comunidade escolar consiga ter acesso a aulas em ambiente virtual, mantendo da forma que é possível no momento, a transmissão de conteúdo.
Preocupação no ensino infantil
Carina Köche, presidente do Sindicreches, informou que a entidade representa cerca de 1,5 mil escolas de educação infantil do Estado. Em março, eram 90 mil crianças inscritas. Agora, diante da pandemia, seriam 40 mil crianças matriculadas. “Isso nos preocupa muito porque essas famílias estão saindo da rede privada e, claro, vão procurar a rede municipal”, relatou. “As escolas de educação infantil estão prestes a morrer na praia porque o respirador que tínhamos de 120 dias está acabando, e a volta às aulas está longe ainda para nós”, finalizou Carina.
Proprietária de uma escola infantil de Caxias do Sul, Thays Guerra de Souza disse que a categoria tem vivido o “caos”. Ela lembrou que a legislação não obriga pais a manterem crianças de zero a três anos nas escolas infantis. Com isso, temem perda significativa de alunos, visto que pais que precisam de alguém para cuidar dos filhos já estão deixando as crianças com “mães crecheiras”.
Ensino privado
Bruno Eizerik, presidente do Sinepe (Sindicato do Ensino Privado), apresentou dados dos efeitos da Covid-19 no setor. Segundo pesquisa divulgada por ele, 83,3% das instituições concederam descontos nas mensalidades, 24% foi o aumento médio da inadimplência, e 7,5% a taxa de cancelamento de matrículas geral (16% na educação infantil).
Com relação à diminuição do custo da escola pela diminuição das contas de luz, água, limpeza, serviços de terceiros e telefone, entre outros, a média de economia foi de 7,2%. Já o aumento do custo da escola com a formação de professores, contratação de plataformas e assessorias e compra de equipamentos representou incremento de 6,3% sobre o orçamento.
Por fim, Eizerik falou sobre a solução para o cancelamento das aulas presenciais: “Em 15 dias, a rede privada deixou de atender os alunos de forma presencial e passou a atendê-los de forma remota. Ou seja, o futuro da educação, o pós-pandemia, passa pelo ensino híbrido e, para a volta às aulas com segurança, serão adotados protocolos e planos de contingência”, avaliou.
Ações da Seduc
O secretário estadual da Educação, Faisal Karam, destacou as ações que a pasta está realizando no enfrentamento a pandemia: “A partir da determinação do governador para a suspensão das aulas presenciais, tomamos uma série de atitudes para atender a parte pedagógica da melhor maneira, pois a figura do professor é fundamental nas vidas dos alunos”, destacou Karam.
“Disponibilizamos cursos para formação de professores. Da mesma forma, destaco a aquisição de 184 kits alimentares e aulas preparatórias para o Enem, em programas na TV”, destacou o secretário, acrescentando que foram criados novos protocolos de higiene, ampliadas as parcerias e o número de vagas para atender à migração de alunos para a rede estadual devido à queda de renda dos pais que leva parte da população a sair das escolas privadas.
Faisal ainda reforçou a distribuição de cestas básicas, o fornecimento de itens de higiene, de EPIs para funcionários e alunos e de preparação para verificação diária de protocolos, já prevendo uma retomada das atividades. “Estamos tendo uma resposta muito positiva no retorno digital tanto de alunos como de professores, que estão acessado o ambiente virtual. Tínhamos que buscar uma forma de chegar aos nossos alunos e encontramos soluções disponíveis, que estamos aplicando. O que seguimos necessitando é de uma linha orientativa mais clara por parte do governo federal, para que nos auxilie neste processo de retomada na educação”, analisou.
Estudantes se manifestam
Matheus Xavier, presidente licenciado da Aergs (Associação dos Estudantes do RS), falou sobre o aumento nos valores da educação privada, a evasão e ainda, a inadimplência: “Esses fatores não são apenas consequências da pandemia, mas também causados pela falta de transparência e intransigência por parte das escolas privadas no tratamento com os pais e alunos”, manifestou. De acordo com Matheus, existem muitos relatos de dificuldades nas negociações por parte dos pais, além da falta transparência nas informações passadas pelas escolas. O dirigente relatou que a associação que representa, juntamente com outras 19 entidades do estado que representam estudantes, subscreveram o projeto de redução da mensalidade.
1 COMENTÁRIO
Não vejo ninguém falando sobre a Educação Profissional. Como fica as aulas práticas? Cursos que normalmente são por semestre.